A Rede Globo respirou aliviada quando o último capítulo de “Viver a Vida” foi levado ao ar.
A trama de Manoel Carlos não havia empolgado o público, ficando longe, muito longe, da meta traçada pela cúpula global – 45 pontos de audiência. Era consenso que com a estreia de Passione, de tramas mais tradicionais e autor que quase sempre arrebenta em crítica e público (Silvio de Abreu), a diferença para as concorrentes voltasse às alturas. Era.
CSI – Las Vegas, escalada pela Record para estancar a perda de audiência motivada pela exibição de Supernatural no SBT, hoje é o verdadeiro “papa-pontos” do horário nobre televisivo.
A produção abriu sua carreira na faixa das 21 horas oscilando entre 7 e 10 pontos, exorcizando o espaço antes ocupado pelas aventuras sobrenaturais dos irmãos Winchester. Após o esgotamento dos episódios da série do SBT e as escolhas equivocadas dos programadores para sua substituta, CSI subiu para picos na casa dos 15 pontos, índice que hoje beira os 20, graças ao fraco desempenho da nova novela das 9.
A estrutura de CSI não é das mais elaboradas. Ela resgata o que há de mais tradicional no conservador “formula show”, formato de séries em que o enredo privilegia situações, cenas, e não o desenvolvimento de personagens. A temática, conforme a sigla em ingês sugere, é a investigação de crimes em que os métodos forenses são necessários. É o show de imagens que o Discovery Channel já oferecia desde os anos 90, só que com grife. O episódio que abriu a 10ª temporada, por exemplo, custou 400 mil dólares.
Entre ossos, sangue, assassinatos, suspense, mistério e alguma confusão, a produção cresceu de tal maneira que originou duas derivadas – as chamadas spin-offs, ambas boas de audiência na TV aberta e paga do Brasil. A franquia Miami tem David Caruso, interessante ator, que não é um Grissom (personagem principal de CSI Las Vegas), mas faz o suficiente para ser durão e encantar os fãs, sobretudo agora que é soberano e a “matriz” passa dificuldades procurando um novo protagonista carismático. A turma de Nova York é a mais fraquinha no que diz sentido às atuações, com pouca coisa a se destacar.
O sucesso do enlatado e os picos que o deixa menos de 15 pontos atrás da produção global tem explicação. Cada vez menos os brasileiros têm tempo de se dedicar tanto a um compromisso a longo prazo como a novela. Alguns noveleiros aceleram cenas e tramas, tentando assim reverter a curva de audiência, ideia que se revela ineficaz. Afinal, o problema é acompanhar seis dias por semana um mesmo programa, não seu ritmo. Aliado a isso, as TVs têm escolhido produtos que apresentam elementos queridos pelos telespectadores. CSI é uma espécie de mantra daquilo que é desejado pelo público: ação, suspense, sangue e, já que na fantasia é possível, justiça.
Atenta para estas mudanças, a Rede Record exibe as três franquias em sua programação, ambas com sucesso. A exibição de Las Vegas, agora na 5ª temporada, deve seguir adiante, mesmo com a estréia de A Fazenda, reality show sediado em Itu. Tudo para não perder o público fiel conquistado.
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